Grandes Entrevista de Engenharia com… Ricardo Gomes

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Quando fomos conhecer Ricardo Gomes, nas instalações da Galius, representante da Renault Trucks em Portugal, não pudemos deixar de sentir a paixão com que vive os detalhes da operação. A história e o percurso deste engenheiro mecânico confunde-se com a própria história da empresa. Atualmente é diretor executivo da Galius, uma das empresas do Grupo NORS, que detém outras marcas como a Auto Sueco, Civiparts, Biosafe e Sotkon. Com apenas 42 anos, tem já um percurso longo que mostra como a persistência e dedicação podem fazer um engenheiro crescer dentro de uma empresa. Membro sénior da ordem dos engenheiros, Ricardo Gomes partilha connosco uma visão empresarial da carreira enquanto engenheiro e gestor, lembrando que “Portugal necessita de uma ordem de engenheiros forte e coesa, com mais intervenção cívica,  com mais poder reivindicativo nas grandes decisões do país.”
 
Para quem não o conhece, fale-nos um pouco do seu percurso profissional para podermos contextualizar.
Trabalho na indústria automóvel desde 1999, no segmento dos veículos industriais. Habituado a cenários de elevada exigência, em grupos multinacionais, ao longo deste período, tive a oportunidade de liderar inúmeros projetos nos domínios da importação, distribuição e retalho. Com experiência nacional e internacional no setor, tenho tido o privilégio de trabalhar com diversas equipas, clientes e fornecedores, refira-se, alguns deles, com um papel relevante no meu processo evolutivo como profissional e, acima de tudo, como ser humano. Passando a detalhar o meu percurso profissional, um pouco mais, de 1999 a 2006 exerci funções ao nível da Gestão Após-Venda, inicialmente, numa market company do Grupo Nors (Auto Sueco/Volvo Trucks) e, à posteriori, como Gestor de Após-Venda no construtor Renault Trucks. Em 2006, surge a minha experiência num cargo de Direção, ainda no construtor francês, como Diretor da Sucursal de Lisboa. No início de 2009, regresso ao Grupo Nors, onde permaneço até aos dias de hoje. Ao longo deste último ciclo no Grupo Nors, tive oportunidade de trabalhar em cinco mercados distintos no domínio do aftermarket (Portugal, Espanha, Angola, Marrocos e Cabo Verde), passando a exercer funções executivas a partir de 2012. Desde 2015, lidero a Galius, empresa responsável pela operação da Renault Trucks em Portugal, desde essa data.
O Ricardo é engenheiro Mecânico e trabalha na indústria automóvel. É fundamental ter conhecimento de Engenharia neste ramo e assim conseguir ser bem sucedido na gestão de equipas?
Eu diria que o conhecimento de Engenharia para quem trabalha na Indústria automóvel é uma condição imprescindível, no entanto, na maioria dos casos, insuficiente. Na verdade, para além do know-how técnico, o tecido empresarial está a dar, cada vez mais, uma elevada importância às soft skills. Efetivamente, grande parte das funções, ainda que técnicas, carecem de um elevado jogo de cintura pela transversalidade que implicam. O contacto com cliente, negociação, comunicação e trabalho em equipa, inteligência emocional, capacidade de liderança e apresentação consistente de resultados por objetivos são características muito valorizadas num mercado cada vez mais competitivo.
O que procuram empresas como a Galius, Nors, Auto Sueco nas novas gerações de engenheiros? E o que têm para oferecer? Quais as perspetivas de carreira.
A história da Nors é uma história de relações, que começou em 1933. Hoje, somos um dos líderes mundiais em soluções de transporte e equipamentos de construção, estando presentes em mais de 17 países. Contamos com mais de 3600 colaboradores, com dezenas de engenheiros envolvidos nos mais variados projetos. Na Nors, acreditamos que o nosso sucesso é o sucesso dos nossos colaboradores.Somos exigentes no processo de recrutamento e valorizamos quem procura mais e melhor conhecimento. Assim, direcionamos os nossos colaboradores no trilho do sucesso através de diversos programas de apoio e formação contínua criados para o efeito. Queremos trabalhar com os melhores e com quem quer ser melhor. Sempre.

A Engenharia continua a ser uma profissão de homens? Porquê?
Apesar de ainda hoje a Engenharia contar maioritariamente com profissionais do sexo masculino, é inegável que esta área também se faz no feminino. Cada vez mais. Efetivamente, a sub-representação ainda bem patente das mulheres na Engenharia prejudica o progresso no sentido do desenvolvimento sustentável. Neste sentido, urge continuar o combate e prevenção da intensificação da segregação das ocupações profissionais em razão do sexo, desconstruindo a ideia de que estas opções são domínios masculinos. Parece-me evidente que este será o caminho a seguir.
A nova geração de engenheiros não tem medo de arriscar e trabalhar fora do país. Recomenda uma experiência internacional, por exemplo inserida num Grupo como a Nors? Porquê?
A nova geração de engenheiros é comummente associada a iniciativa, inovação, possibilidade de fazer coisas novas ou de maneira diferente. É uma geração que olha para o mundo de uma forma diferente e que comporta uma elevada capacidade para assumir riscos. Dito isto, subentende-se, portanto, que a nova geração de engenheiros está pronta para agir, desde que existam condições favoráveis e o apoio necessário. Na Nors acreditamos nisto mesmo, seja em Portugal ou numa experiência internacional, tentando proporcionar, sempre, por diversas vias, as tais condições favoráveis e o tal apoio necessário.
Qual é segredo para ser um bom engenheiro? Há segredo?
Um bom engenheiro, antes de mais, deve ser um bom ser humano. Por outro lado, como referi anteriormente, creio que é no compromisso entre o indispensável know-how técnico e o aperfeiçoamento do quadro de soft skills valorizadas no mercado de trabalho, que podemos encontrar o segredo de um bom engenheiro.
A Engenharia está na moda? Porquê?
Os jovens têm noção da importância das tecnologias na sua vida, no desenvolvimento e na competitividade do país, sentindo-se cada vez mais atraídos para estas áreas. Se dúvidas existirem, creio que os resultados da primeira fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior divulgados pela Direção-Geral do Ensino Superior provam isso mesmo. Dos dez cursos melhor posicionados nas escolhas dos jovens estudantes, cinco são de Engenharia. E, os quatro cursos com média mais alta em Portugal são todos de Engenharia. Obviamente, como engenheiro, há duas décadas, não posso deixar de sentir orgulho nos resultados agora conhecidos.

Qual acha ser ou qual deveria ser o papel da Ordem do Engenheiros na vida profissional Engenheiros?
No essencial, o papel da Ordem dos Engenheiros passa pela sua capacidade em contribuir para o progresso da Engenharia, estimulando os seus membros nos domínios científico, profissional e social. E, sinceramente, creio que este desiderato tem vindo a ser cumprido nos últimos anos. A Ordem dos Engenheiros tem vindo a melhorar muito o seu contributo em diversas áreas. Obviamente, fico muito satisfeito, em constatar isso mesmo. Portugal necessita de uma Ordem de Engenheiros forte e coesa, com mais intervenção cívica, com mais poder reivindicativo nas grandes decisões do país. Quando isso acontecer, Portugal ficará seguramente melhor.
Nomeie um engenheiro do Norte que esteja a desenvolver um trabalho que aprecia, dentro ou fora de Portugal.
O meu colega de curso, engenheiro Ivo Gonçalves, que tem vindo a realizar um trabalho fantástico como Diretor de Operações na empresa A. Silva Matos Energia, SA, refira-se, a maior produtora em Portugal de torres eólicas e com um conjunto de investimentos em curso muito considerável.
Há Engenharia em tudo o que há? Explique.
São os engenheiros que inventam, desenham e constroem o planeta. São os engenheiros que transformam tudo o que nos rodeia. Sem dúvida que, há Engenharia em tudo o que há. E, em tudo o que vai haver no futuro.
 

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