Covid-19 e a problemática dos resíduos

Conseguimos produzir vacinas em tempo recorde para combater a COVID-19, mas, aparentemente, os resíduos em tempos de pandemia são uma problemática difícil de solucionar.

 
Há cerca de um ano, a ideia de que máscaras e luvas descartáveis se podiam transformar em poluentes ambientais globais não era uma preocupação premente. O equipamento de proteção individual (EPI), foi considerado essencial para prevenir a propagação da COVID-19. Ninguém sabia quais seriam as quantidades necessárias, ou durante quanto tempo. Depois, a produção explodiu – e agora este tipo de resíduo é inevitável.
Globalmente, são usadas todos os meses 65 mil milhões de luvas. A contagem de máscaras faciais é quase o dobro – 129 mil milhões por mês. Isto traduz-se em 3 milhões de máscaras usadas por minuto.
Um estudo revela que todos os dias são descartadas 3.4 mil milhões de máscaras ou viseiras. Estima-se que a Ásia descarte 1.8 mil milhões de máscaras diariamente, a maior quantidade de qualquer continente no mundo. A China, com a maior população do planeta (1.4 mil milhões de pessoas), descarta quase 702 milhões de máscaras diariamente.
Todos estes equipamentos são considerados descartáveis porque são baratos o suficiente para serem usados uma vez e depois deitados fora. Mas há um senão: estes produtos não desaparecem realmente.
 
Plástico disfarçado
As máscaras e luvas são feitos de diversas fibras plásticas, principalmente polipropileno, que permanecem no ambiente durante décadas, possivelmente séculos, fragmentando-se em microplásticos e nanoplásticos cada vez mais pequenos. Uma só máscara facial pode libertar até 173.000 microfibras por dia nos oceanos, de acordo com um estudo da Environmental Advances.
As máscaras e luvas descartadas são sopradas pelo vento para rios e riachos, que os levam para os mares. Os cientistas registaram a presença destes equipamentos em praias sul-americanas, na Baía de Jacarta, no Bangladesh, na costa do Quénia e nas Ilhas Soko desabitadas em Hong Kong. O EPI descartado já entupiu esgotos desde as ruas de Nova Iorque até Nairobi, e obstruiu a maquinaria de saneamento municipal de Vancouver, na Colúmbia Britânica. Estes materiais também estão a afetar os animais.
As máscaras e luvas não são recicláveis na maioria dos sistemas municipais e não devem ser colocados para reciclar no resíduo doméstico. As máscaras podem conter uma mistura de papel e polímeros, incluindo polipropileno e poliéster, que não podem ser separados em fluxos puros de materiais individuais para a reciclagem. E também são tão pequenos que ficam presos nas máquinas de reciclagem, provocando avarias.
 
Um enorme problema global agrava-se
Os problemas criados pelos resíduos de EPI´s surgiram num momento complicado durante o esforço para se reduzir o desperdício plástico. A quantidade de resíduo plástico que se acumula nos oceanos pode triplicar nos próximos 20 anos, é não há uma solução real no horizonte.
A pandemia também aumentou a produção de embalagens descartáveis, pois os consumidores compram agora mais comida para fora – e as interdições aos plásticos descartáveis, incluindo os sacos de compras, foram temporariamente suspensas devido ao receio de que os sacos reutilizáveis propaguem o vírus.
 
O que pode fazer
Na verdade a solução para esta problemática é bastante simples:
– Não deite para o chão – incluindo EPI.
Use máscaras laváveis sempre que possível.
Coloque o EPI usado num saco de plástico, sele-o, e coloque-o no lixo.
 
Há Engenharia e engenheiros que trabalham para que o risco de contaminação dos pontos de recolha de resíduos seja minimizada. Saiba mais aqui
 
Fonte: National Geographic

Partilhe a engenharia que há em tudo o que há

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
Veja a nossa
agenda aqui​