Grandes Entrevistas de Engenharia com… Vinício Ribeiro

Em 2018 ganhou o prémio de Melhor Estágio Norte atribuído pelo Colégio de Engenharia Eletrotécnica – Norte. O caminho ainda estava no início, nessa altura. Rumou a Itália e viveu a experiência enquanto o mundo enfrentava a pandemia.

 
Hoje conta-nos um pouco do seu caminho e do futuro que espera no regresso a Portugal. Conheça Vinício Ribeiro em mais uma Grande Entrevista de Engenharia.
 
PERFIL


 
Embora jovem, o Vinício já tem um percurso que vale a pena partilhar com todos os que agora chegam ao mercado de trabalho. 
Iniciei o meu percurso – breve mas gratificante – no mercado de trabalho em 2016, através de um Estágio na EDP Produção, tendo aprofundado os meus conhecimentos relativos ao sistema eletroprodutor português. Sucessivamente, passei pela Visabeira como Gestor Operacional na área de Eletricidade. Em 2018, surgiu a oportunidade de ingressar numa Pós-graduação em Energy Management em Milão, numa escola de referência como o MIP Politecnico di Milano Graduate School of Business. Em 2019, o Grupo Iren, parceiro da Pós-graduação, convidou-me para trabalhar em Turim como Metering Analyst na Ireti, operador da rede de distribuição de energia elétrica. Ocupei-me principalmente do projeto de instalação massiva dos novos contadores inteligentes de segunda geração, um projeto inovador com múltiplos benefícios para os clientes finais e os operadores do sistema elétrico.
 
E agora regressa a Portugal, qual o seu objetivo imediato?
A minha intenção é continuar a abraçar novos desafios no mundo das Utilities e da Energia, tirando proveito das competências que desenvolvi nos últimos anos, fruto da minha experiência internacional.

” A pandemia permitiu-me refletir sobre o meu percurso e o meu futuro”

Em contexto de pandemia, viveu e trabalhou noutro país. Como viveu essa experiência?
Foi uma experiência que nenhum de nós esperava e que, para mim, se revelou desafiante e difícil, sobretudo numa primeira fase, por via das inúmeras mudanças abruptas na minha rotina quotidiana e também por me encontrar longe de casa e da família. Ao mesmo tempo, a pandemia permitiu-me refletir sobre o meu percurso e o meu futuro. Aprendi a dar ainda mais valor às pequenas coisas que consideramos adquiridas mas que de um dia para o outro deixam de o ser.  A nível profissional, o Grupo Iren deu-me todas as condições para trabalhar em remoto a partir de casa, continuando a desenvolver as minhas atividades diárias e consultando os colegas através das novas plataformas de comunicação a que nos habituámos. De referir que no Grupo Iren já tinha sido iniciada a implementação do trabalho flexível antes da pandemia, com a possibilidade de efetuar alguns dias por mês fora do escritório num local com acesso à internet livremente escolhido pelo colaborador. Penso que a conceção do trabalho em regime misto (presencial e à distância) é uma mudança de paradigma importante e que pode trazer muitos benefícios do ponto de vista do equilíbrio entre a vida privada e profissional, com retorno positivo quer para o colaborador quer para a empresa.
 

“O conselho que posso deixar aos mais jovens engenheiros recém-graduados, é que sejam curiosos, não tenham medo de errar e aproveitem todas as oportunidades ao seu alcance.”

 

Vale a pena ter uma experiência internacional? Porquê?
Penso que vale muitíssimo a pena embarcar numa experiência internacional – ocasião única de enriquecimento pessoal, desde logo através dos variados programas de formação e voluntariado disponibilizados pela União Europeia (UE). No meu caso, permitiu-me alargar horizontes, conhecer uma cultura e uma língua diferentes, aumentar a minha rede de contactos, desenvolver competências pessoais e profissionais e também, pelo facto de residir num outro Estado-membro da UE, aumentar o meu sentimento de cidadão europeu. Acredito portanto que a trajetória internacional que segui possa ser uma mais-valia para a minha carreira. O conselho que posso deixar aos mais jovens engenheiros recém-graduados, é que sejam curiosos, não tenham medo de errar e aproveitem todas as oportunidades ao seu alcance.

A formação portuguesa em Engenharia é valorizada fora de Portugal?
Creio que seja importante começarmos –  nós próprios –  a valorizar o que temos de melhor em Portugal relativamente à formação superior em Engenharia. Temos em Portugal diversas escolas e faculdades de excelência. No entanto, quando nos comparamos com outras universidades e institutos politécnicos na Europa, em particular através dos principais rankings, percebemos que há um longo caminho a percorrer de valorização e investimento. São, portanto, necessários investimentos e apoios para os mais jovens, estudantes e recém-graduados, designadamente tirando partido dos fundos europeus à nossa disposição.
 
Como vê a Engenharia que se faz em Portugal, na sua área em concreto. Consegue identificar o melhor e o pior?
Em geral, estou convencido que existem bons profissionais e boas empresas de Engenharia em Portugal e que têm sido dados passos importantes na transformação do País, sendo, no entanto, necessário acautelar a independência face ao mundo da política e garantir que conseguimos atrair investimento direto estrangeiro e competir em condições de igualdade com os outros países europeus.

“São muito importantes os conhecimentos técnicos de base, as competências informáticas e também as competências linguísticas”

Algum/a engenheiro/a que esteja a ler esta entrevista e que pense em trabalhar na mesma área, quais as skills que acha fundamentais terem?
São muito importantes os conhecimentos técnicos de base, as competências informáticas e também as competências linguísticas (sobretudo para quem deseje trabalhar no estrangeiro). Em particular, na área das Utilities e da Energia, seguramente é importante conhecer os desafios relativos à transição energética e colher as oportunidades pertinentes no momento certo. É essencial também possuir curiosidade, entusiasmo e vontade de aprender e melhorar continuamente e, ainda, desenvolver as chamadas soft skills como a gestão do tempo, a comunicação eficaz e o pensamento crítico.
Tendo em conta a atual crise decorrente da pandemia por covid-19, quais as oportunidades que os engenheiros devem aproveitar? Onde estão as oportunidades, na sua opinião?
Como em qualquer crise, há quem perca e quem ganhe. Penso que a pandemia permitiu colocar na ordem do dia temas essenciais como a transição energética, verde e digital, e o combate às alterações climáticas, em particular graças à intervenção da Comissão Europeia. Seguramente, não faltarão oportunidades nas áreas ligadas ao setor da Energia, nomeadamente a descarbonização da economia e a aposta nas renováveis e na mobilidade sustentável. Por outro lado, também a investigação científica e a inovação tecnológica em geral constituirão desafios para os nossos engenheiros.
Sendo engenheiro, inscrito na Ordem, qual acha que deveria ser o papel dentro da sua área de especialidade? Que ações, formações, conferências poderia a Ordem desenvolver, por exemplo?
Penso que a Ordem deve ser vista como um polo agregador, um referencial para todos os engenheiros, independentemente da área de estudos. Acredito que, além da missão clássica da Ordem de regulamentação da profissão, a aposta na formação técnica especializada e na formação transversal, a realização de eventos de networking e de visitas de campo sejam atividades importantes.  Sobretudo para os mais jovens, revela-se útil que a Ordem, através da Bolsa de Emprego ou outras iniciativas, possa fazer a “ponte” entre o mundo académico e profissional.

Nomeie um engenheiro do Norte que esteja a desenvolver um trabalho que aprecia, dentro ou fora de Portugal.
Eng. José Carlos Sousa, da EDP Produção, que me supervisionou na minha primeira abordagem ao mercado de trabalho, durante o meu Estágio Profissional, e partilhou comigo tantas considerações úteis sobre o mundo da Energia em geral e sobre as centrais hidroelétricas da EDP em particular. Ainda maior motivo de orgulho é o facto de tal Estágio ter sido distinguido como o melhor estágio de admissão pelo Colégio de Engenharia Eletrotécnica da OERN em 2017.
Há Engenharia em tudo o que há? Explique.
Com certeza! A Engenharia é uma peça fundamental do mundo em que vivemos e penso que igualmente fundamental é a relação de interdependência que deve existir entre a Engenharia e as restantes áreas do conhecimento, de modo a poder afrontar os grandes desafios da atualidade com sucesso.

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