[Opinião] “Engenharia para a Energia e Clima”

Por: Carlos Alves Pereira, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

Ano novo, assuntos velhos! O Conselho Diretivo Nacional da Ordem dos Engenheiros dedicou o ano de 2023 à Energia e Clima, evidenciando a importância destas temáticas na sociedade, valorizando o contributo notável da Engenharia e projetando as principais linhas de ação das agendas governamentais.

As alterações climáticas são um feito inegável onde o ser humano teve e tem um papel preponderante no incremento das mesmas, mas apesar dos seus efeitos nefastos, continuamos a desvalorizar a situação. A sabedoria popular é imperativa: “não deixes para amanhã o que podes fazer hoje” – e os resultados, estão à vista. De acordo com um estudo recentemente publicado pela agência EFE entre outubro de 2021 e setembro de 2022, cerca de 96% da população mundial presenciou uma alteração significativa das temperaturas médias diárias.

Analisando o ano de 2022, este foi marcado por eventos meteorológicos extremos desde ondas de calor devastadoras a chuvas torrenciais. As cheias que decorreram em várias regiões do país justificam a ocupação territorial pouco coerente, tornando superficial a falta de planeamento e ordenamento do território, desde a ocupação de leitos de cheia, a impermeabilização dos solos e a inexistência de sistemas de drenagem eficientes colocando em causa a segurança pública.


“A Engenharia é a luz ao fundo do túnel e os profissionais desta área não serão apenas meros espectadores, mas também protagonistas nesta ação.”

A somar a tudo isto, vem, como se não bastasse, uma crise energética sem precedentes. A guerra na Europa do Leste fez soar os alarmes e abalar os grandes mercados económicos. A taxa de inflação tem sido cada vez mais pessimista e para já, não há sinais de melhoras. A dependência energética e a utilização do gás natural e demais combustíveis fósseis ainda é premente e a sua capacidade de libertação, uma realidade desvirtuada.

Contudo não devemos ser pessimistas. “Para grandes males, grandes remédios” e “enquanto há vida, há esperança”. A Engenharia é a luz ao fundo do túnel e os profissionais desta área não serão apenas meros espectadores, mas também protagonistas nesta ação. As agendas políticas estão sensibilizadas para a temática e as propostas, lançadas. Mas é preciso mais!

Na esfera política é importante cumprir e fazer cumprir a agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, o acelerar da implementação das estratégias de descarbonização, o reforço do financiamento em inovação e desenvolvimento científico, a aposta na eficiência energética, na mobilidade sustentável, na gestão de recursos e resíduos e na criação de redes estratégicas entre universidades, indústrias e municípios conjugadas com a criação de incentivos estatais.

“O assunto está na agenda mediática e cabe-nos a nós, enquanto futuros engenheiros e futuros decisores políticos agir no imediato!”

No âmbito pedagógico e prático ainda podemos ir mais além, utilizando o conhecimento científico na aplicação de tecnologias altamente sofisticadas, na educação da população, no reforço dos curricula, transferindo esta massa crítica das instituições de ensino superior, para a sociedade.

A Engenharia é pioneira nesta vertente e o resultado prático são as soluções implementadas: tecnologias inovadoras de tratamento de águas e resíduos, a investigação e produção de novos combustíveis, a dessalinização da água do mar, o aumento de eficiência fotovoltaica, por exemplo, utilização de nanotecnologia, a criação de novos processos e produtos mais sustentáveis e a digitalização da indústria, são exemplos.

O assunto está na agenda mediática e cabe-nos a nós, enquanto futuros engenheiros e futuros decisores políticos agir no imediato!

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