“Roteiros da Engenharia” em Vila Real para debater a Engenharia na vinha e no vinho

Foi um dia para explorar o progressos e necessidades da Engenharia na vinha e no vinho, numa organização conjunta da OERN e da Delegação Distrital de Vila Real.

A manhã do Roteiro começou na UTAD com a apresentação da “Agenda Mobilizadora Vine and Wine Portugal” cujo responsável, Raul Morais, pôs a tónica no planeamento “temos de perceber o que acontecer à vinha daqui a 20 anos”. E explanou o que a UTAD tem vindo a desenvolver ao longo dos anos nas suas equipas de investigação. Houve ainda tempo para conhecer o Centro de Transferência de Tecnologia em Enologia da UTAD (Adega), conduzida pela Engenheira Ana Alexandra Oliveira.

A parte da tarde do roteiro decorreu na Adega “Lavradores da Feitoria”, empresa sediada em Sabrosa, que se iniciou com uma pequena apresentação da história da empresa e uma visita guiada que permitiu conhecer um pouco mais toda a estrutura do vinho ali produzido.

A sessão de abertura ficou a cargo de José Carlos Pinto, Delegado Distrital de Vila Real, Bento Aires, presidente da OERN e do Bastonário da OE, Fernando de Almeida Santos.

José Carlos Pinto lembrou que este roteiro junta-se a um périplo que a OERN tem feito pelos distritos e que o tema para Vila Real teria de ser inevitavelmente a vinha e o vinho. Já Bento Aires apontou que, sendo embora necessário “olhar para a engenharia de forma holística”, a verdade é que, no caso da vinha e do vinho, “é na engenharia agronómica que está a base”, razão pela qual é “importante que todos os atos individuais de engenharia sejam regulados e devidamente equilibrados”. É que, frisou Bento Aires, “a engenharia é do coletivismo, não é do individualismo. Como acontece com as vinhas do Douro, também a engenharia passa de geração em geração”. Por isso, concluiu, “o futuro desta região será tanto mais equilibrado, em termos económicos e sociais, quanto mais engenharia aqui se aplicar”. Fernando Santos, bastonário da Ordem dos Engenheiros, pegou no mote para sublinhar a importância de construir um futuro em que “alguns atos na área alimentar e agronómica, por serem de confiança pública, têm de ser regulados por lei. Isso será decisivo.”.

Já o debate moderado por Emídio Gomes, Reitor da UTAD, e com os convidados Olga Martins e Paulo Roão (Lavradores de Feitoria), Paulo Coutinho (Paulo Coutinho Wines) e Francisco Gonçalves (FG Wines) a tónica foi colocada não engenharia e, na sustentabilidade, mas também na economia e nos desafios para o futuro.

“Evoluímos muito na adega graças a diversas áreas da engenharia. Agora, o grande desafio é irmos para a vinha e tirarmos o melhor que ali temos”. A constatação é de Olga Martins, diretora-geral da Lavradores de Feitoria. Já Francisco Gonçalves, mentor do projeto FGwines e enólogo responsável pelos vinhos da marca Mont’Alegre, concorda: “O papel da engenharia é fundamental na adega, mas na vinha permitirá maior precisão”. “Evoluiu-se muito nas últimas décadas, mas temos de ter cuidado com a construção do futuro”, declarou, por seu turno, o enólogo Paulo Coutinho. Na sua opinião, há que fazer opções tendo em conta a “adaptação às alterações climáticas”. Porém, “antes de se avançar para a transferência das vinhas para maior altitude e começar a plantar castas novas, é preciso adaptar o que já se conhece”. Ainda segundo Paulo Coutinho, o setor da vinha e do vinho “tem de saber gerir os arrelvamentos”. Salientando que, “numa vinha, dois terços não são aproveitados.  O desafio é “pegar nesses dois terços e pô-los a capturar carbono”.

Para o reitor da UTAD, Emídio Gomes, “há hoje uma nova ciência da engenharia em torno da vinha, que está cada vez mais desenvolvida” e que acabará por conduzir “à utilização da inteligência artificial em toda a atividade”.  Já Paulo Ruão, diretor de enologia da Lavradores de Feitoria, assume que os novos equipamentos surgidos nas adegas “têm sido muito bem pensados, no sentido de se preservarem todas as componentes do vinho”. Todavia, frisou que “sem uma boa viticultura é muito difícil chegar à excelência”.

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