Vila Real e Bragança debatem Rota da Engenharia na Região de Trás-os-Montes

As Conferências “Trás-os-Montes na Rota da Engenharia” reuniram oradores para debater a relação entre a Engenharia e o território de Trás-os-Montes e Alto Douro, nos passados dias 21 e 22 de fevereiro

José Pinto, Delegado Distrital de Vila Real da OE, abriu o primeiro dia do ciclo de conferências “Trás-os-Montes na Rota de Engenharia” em Vila Real, dirigindo-se aos Engenheiros visionários e inovadores com um desafio: é necessário que estes sejam “protagonistas da mudança que tragam ideias e desafiem os limites do convencional”. Deu a conhecer o mote da criação destas Conferências com “a premissa com um olhar no futuro, sobre o papel da Engenharia como motor do progresso e com a responsabilidade de criar soluções para os desafios que as diferentes regiões nos vão impondo”.

“A Engenharia em especial em Trás-os-Montes e Alto Douro, não deverá ser apenas uma profissão mas uma missão de transformação social e económicas com sentimento de identidade e orgulho regional” interveio, de seguida, Rafael Correia, Delegado Distrital de Bragança da Ordem dos Engenheiros. Para o Delegado, esta sessão é “um momento crucial na nossa jornada coletiva rumo a um futuro que se pretende mais promissor e sustentável para a região de Trás-os-Montes”.

Adriano Sousa, Vereador da Câmara Municipal de Vila Real, encerrou a sessão de abertura, com uma análise do panorama vivido na cidade, os contributos da Engenharia para o seu desenvolvimento e a forma como o futuro passa pelo trabalho e contínua dedicação já demonstrada pelos Engenheiros.

A tarde avançou com duas apresentações de dois casos reais com grande impacto na zona de Trás-os-Montes e Alto Douro. Luís Almeida, Presidente da Direção da Associação Vale D’Douro, veio apresentar a mudança de paradigma que ocorreu no trinômio da interioridade, mobilidade e conectividade no sentido do desenvolvimento territorial, através do caso prático: Linha férrea Porto – Zamora.

Paulo Fernandes, Presidente da Câmara Municipal do Fundão, deu a conhecer como caso prático a forma como decorreu a fixação de Engenheiros no Município do Fundão em empresas de base tecnológica. Hoje, graças às técnicas aplicadas, existem a trabalhar no município 1300 Engenheiros informáticos de 78 nacionalidades. Para além disso, todas as crianças estão a aprender sobre programação desde os 6 anos e inteligência artificial desde os 8 anos.

Seguiu-se um debate com moderação de Paulo Ferreira, Director-Geral do Jornal Notícias/TSF, com intervenção de Luís Leite Ramos, Professor UTAD keynote speaker, Luís Almeida e Paulo Fernandes.

Para além da discussão dos temas abordados nas apresentações, entre oradores e participantes, Luís Ramos sublinhou que “a economia regional precisa desta ligação” e não entende “porque foram precisos cinco anos para o Governo admitir que ia olhar para isto”.

Augusto Santos Silva, Ex-Presidente da Assembleia da República de Portugal, foi outro dos keynote speakers da sessão, onde reforçou a necessidade de Portugal em ter gente com “mentalidade tecnológica” sobretudo em “Engenharia com planeamento para o sucesso e a sustentabilidade”. Sublinhou ainda a importância de um “diálogo permanente e constante entre Engenheiros, economistas e sociólogos”.

O encerramento da sessão coube a Bento Aires, Presidente da Ordem dos Engenheiros – Região Norte que lançou um pedido aos presentes “foquem-se nas oportunidades, num discurso positivo, pois é isto que a Engenharia faz, e que estará muito disponível para continuar a fazer”.

Já em Bragança, Rafael Correia, Delegado Distrital de Bragança da OE, deu início ao segundo dia das Conferências, num discurso focado em temas de grande importância como a Engenharia como catalisador de mudança, desafios como oportunidades, a revitalização rural, a conectividade e inclusão digital, a energia renovável e autossuficiência, as infraestruturas inteligente e mobilidade, a sustentabilidade e economia circular e o turismo sustentável e experiencial. Terminou com um apelo: “convoco cada um de vocês a sair deste evento não apenas com ideias, mas com um compromisso de ação. A Engenharia, Une Pessoas e Conecta Territórios!”.

Seguiu-se a intervenção de José Pinto, que sublinhou que “num mundo cada vez mais global e conectado, a barreira digital foi também vencida, abrindo inúmeras oportunidades de desenvolvimento tecnológico e digital no interior do país”. Concluiu que, por isso, “o foco no interior não deverá assentar num espírito de compensação, mas sim numa estratégia real de valorização”.

Paulo Xavier, Presidente da Câmara Municipal de Bragança, encerrou a sessão de abertura, confirmando que o futuro das cidades e do país passa pela Engenharia, pelo investimento nas estruturas e, acima de tudo, nas pessoas.

Seguiram-se duas apresentações que incidiram sob temas cruciais. A primeira sobre a “Valorização do território com Soluções Baseadas na Natureza”, com base no caso prático do projeto executado no âmbito dos serviços ecossistêmicos, descarbonização, foi levada a cabo por Helena Freitas, Bióloga, professora e investigadora da Universidade de Coimbra.

Já o tema da “Cooperação territorial” foi abordado através do caso prático da Rota NORTE com o orador Marco Neiva, Fundador da Rota NORTE, realizador e produtor de filmes de promoção turística e divulgação territorial, especialista em marketing digital para a indústria do Turismo.

Paulo Ferreira moderou o debate que se seguiu com José Eduardo Martins, Provedor dos Destinatários dos Serviços da Ordem dos Engenheiros, Helena Freitas e Marco Neiva, onde foi possível trocar ideias sobre os impactos dos projetos apresentados e ainda dar a conhecer outras perspetivas para apostar no amanhã.

“Tornar as regiões do interior autónomas para que tenham as mesmas coisas que existem nos grandes centros” é um dos objetivos que José Eduardo Martins acha crucial para o futuro de cidades como Bragança e Vila Real. Reforçou ainda que, se existirem investimentos e “se a Engenharia trouxer qualidade de vida, as pessoas vivem melhor no interior”.

Paulo Ferreira tomou a palavra para a penúltima intervenção do dia, resumindo as principais ideias retratadas ao longo destes dois dias dedicados à Engenharia em Trás-os-Montes e Alto Douro. Mencionou os Engenheiros como parte fulcral do desenvolvimento, da necessidade de apostar em projetos como, por exemplo, o do Fundão e da importância de continuar a comunicar estes eventos para o futuro.

Bento Aires finalizou estes dois dias de conferências com uma certeza “a região precisa de ter um sobressalto público. É preciso focar-se no que tem de melhor e no conhecimento que gera”, sempre com o auxílio dos Engenheiros e da Engenharia.

Reforçou que ainda que “quando vem cá (trás–os–montes) quer seja um Ministro ou Secretário de Estado, o gosto não é de Bragança ou Vila Real. O gosto tem de ser do Ministro, do Secretário de Estado, em chegar aqui a Bragança e Vila Real”. É preciso não ter medo das fragilidades existentes, recordando que “o nosso compromisso, através da Engenharia será esse, de estarmos cá” para colmatar os desafios e inovar as soluções

 

Partilhe a engenharia que há em tudo o que há

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Email
Veja a nossa
agenda aqui​