O Colégio de Engenharia do Ambiente – Norte associou-se à quinta edição das Jornadas Técnicas sobre os Carvalhos, que durante 3 dias receberam convidados e participantes para explorarem a floresta nativa num contexto imersivo.
Os anfiteatros naturais, foram os palcos escolhidos para generalidade do programa. Acompanhados por áudio guias, os participantes ouviram especialistas sobre fauna e flora, e desenvolveram atividades exploratórias em safaris diurnos e noturnos. A escolha deste formato, em jeito de podcast imersivo, foi aplaudida pelos participantes, que durante os três dias retomaram o contacto com a natureza e o clima, contacto esse por vezes descuidado num estilo de vida mais hermético.
A importância dos carvalhais no papel da resiliência dos ecossistemas foi debatida com especialistas da área da academia, das ONG, do setor público e privado, versando sobre o papel da biodiversidade na conservação, na economia e sociedade, no património e na reconciliação da natureza com sociedade. Foi explorado o papel da avifauna como indicador de resistência e resiliência num mundo em mudança acelerada, a importância dos carvalhais para a fauna de mamíferos, incluindo presas e predadores, a valorização dos carvalhais para a conservação, o restauro e conservação em acordos com privados e a educação em contexto urbano para o património arbóreo. Recordou-se que os intervenientes têm diferentes escalas, à microescala os briófitas recordam-nos que tal como uma casa não se começa a construir pelo telhado, na floresta, estes seres criam as fundações para se nutrirem ecossistemas ricos.
Os modelos jurídicos e de gestão do património natural foram debatidos em painéis que versaram temas prementes, como a propriedade comum e comunitária, e os modelos de gestão adequados a diversas escalas. No território anfitrião de Campo do Gerês, partilharam-se experiências de gestão de Baldios, reflexões sobre quem cuida dos comuns e o modelo jurídico que deve assegurar a estabilidade do Clima, um indiscutível Património da Humanidade. Destaca-se a reflexão de Humberto Martins, Antropólogo e professor auxiliar na UTAD, atual diretor da Revista Etnográfica e investigador do CRIA, que pode ser consultada aqui.
Os momentos gastronómicos foram igualmente pautados pela presença da floresta e dos produtos locais, destacando-se os produtos à base de bolota, os queijos fruto da pastorícia extensiva, entre outros, lembrando que a atividade económica duma floresta biodiversidade é por si também bastante diversa.
As Jornadas Técnicas dos Carvalho iniciaram em 2013 e regressam no outono de 2024 sob o tema Conservação e Restauração do Carvalhal. A quinta edição resultou duma organização conjunta entre várias entidades, o Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês, a Associação de Compartes de Campo do Gerês, a UTAD, a AMO Portugal, a Sociedade Portuguesa de Ecologia, a LIPOR e a Ordem dos Engenheiros Região Norte, com o apoio da Câmara Municipal de Terras de Bouro e da Federação Nacional dos Baldios.