[Fotogaleria ] Roteiros da Engenharia debatem a excelência e futuro da Engenharia Têxtil

Há falta destes profissionais qualificados que podem ajudar a economia portuguesa a crescer mais.

“A indústria têxtil é cada vez mais dotada de engenharia.” Quem o disse foi Bento Aires, presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Engenheiros do Norte, na abertura da conferência “Reinventar o setor, construir um futuro sustentável”, no âmbito do roteiro de engenharia dedicado à “Excelência da engenharia têxtil” que decorreu dia 6 de julho. O responsável frisou que o setor têxtil é “resiliente e transformador”, e será tanto mais capaz quanto mais engenheiros tenha no seu meio, afirmou.

Na mesma linha, Leonel Cunha e Silva, delegado distrital de Braga da Ordem dos Engenheiros Norte, destacou a capacidade que a indústria têxtil e do vestuário teve de se “reinventar” ao longo dos anos. Tal “deve-se aos empresários que face às adversidades souberam encontrar sempre novos caminhos, caminhos esses que tiveram em grande medida a engenharia como ponto basilar, apostando na inovação, nos novos processos e materiais”.

A sustentabilidade, a tendência de partilha, a reciclagem, os materiais biodegradáveis são reptos que agora se colocam, diz. Por isso, a engenharia e o investimento em investigação e desenvolvimento serão “preponderantes” para que o têxtil e vestuário continue a crescer.

Presente na Francisco Jorge, chefe de divisão de economia da Câmara de Famalicão esteve na conferência em representação do presidente, Mário Passos e salientou a importância da engenharia para o desenvolvimento do setor.

A importância dos engenheiros e das engenharias para o desenvolvimento da indústria têxtil e do vestuário portuguesa foi um dos aspetos focados na conferência “Reinventar o setor, construir um futuro sustentável” que decorreu, do roteiro “A excelência da engenharia têxtil”, promovido pela Ordem dos Engenheiros da Região Norte. 

“Os engenheiros têm um papel essencial naquilo que é a transformação da economia, inclusivamente da indústria transformadora, que vive da eficiência”, considerou Paulo Vaz, administrador da AEP. Uma ideia que mereceu a concordância de Braz Costa, diretor do Citeve-Centi, Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive, Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil de Portugal (ATP) e de Luís Almeida, professor catedrático jubilado que também participaram na conferência.

Os engenheiros são a “interface” para transformar tecnologia e “indutores” de diferenciação, acrescentou Vaz. Neste sentido, segundo Braz Costa, diretor do Citeve-Centi, é preciso “valorizar ainda mais a profissão” já que não há “engenheiros que cheguem”.  Aliás, Isabel Furtado salientou a importância das ordens, no caso da Ordem dos Engenheiros, para o desempenho do “papel fundamental” de regulamentar e atestar quem está apto para exercer. 

A necessidade de proteção do setor têxtil contra a “concorrência desleal” de países que não cumprem as mesmas regras de sustentabilidade e sociais foi um dos pontos destacados pelos conferencistas. 

“É fundamental nivelar o terreno de jogo”, adiantou Jorge Machado, apontando que a indústria têxtil é um dos 14 setores estratégicos da economia europeia que quer construir uma “economia circular e mais sustentável”. Para isso, “temos de inventar novas tecnologias e novos processos e a engenharia terá uma grande palavra a dizer”. 

Braz Costa notou que para combater esta competição é preciso “gente qualificada, desde empresários a operadores”. E o têxtil é “uma esponja de várias áreas do conhecimento, e das engenharias é uma esponja de várias”. Uma opinião corroborada por Luís Almeida que enalteceu o papel dos centros tecnológicos na qualificação. 

Os conferencistas alertaram que a falta de mão de obra que se faz sentir ao nível da confeção é um problema que pode agravar-se no futuro. “Na confeção, ainda há um mundo para fazer em relação à robotização”, afirmou o presidente da ATP corroborado por Paulo Vaz que notou que o setor pode ser de “talento intensivo”. 

Para o responsável pelo Citeve-Centi os próximos anos passam pela robotização da confeção “deixando para as pessoas aquilo em que são insubstituíveis”.

“Sem engenharia, o mundo não existia”. A frase de Fernando Santos, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, traz um alerta: “Por vezes , os engenheiros são subvalorizados, porque estão no meio do processo”, entre a conceção e a venda de um determinado produto. Braz Costa, diretor geral do Centro Tecnológico do Têxtil e Vestuário (Citeve) e do Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CENTI), acompanha a ideia, ao assinalar que a engenharia “coloca o conhecimento a render”.

Braz Costa sublinha que a engenharia é uma parte “extremamente importante” do processo de inovação que o têxtil e vestuário procura alcançar. “O sistema científico e tecnológico dá a resposta que lhes compete e a engenharia transforma em realidade”, afirma. 

Para o responsável dos centros de investigação, sem esta aplicação do conhecimento científico não teria sido possível a “transformação do setor têxtil e vestuário”. E a mudança que se está a operar ao nível da sustentabilidade também não, observa Mário Jorge Machado. “A engenharia terá uma intervenção muito grande na transformação que vai ser obrigatória por lei”, aponta, referindo-se às normas europeias sobre sustentabilidade e circularidade.

Não se trata apenas de cumprir a regulamentação requerida pela comunidade europeia, mas também de responder às exigências do mercado. Porque, na opinião de Braz Costa, “os compradores exigem cada vez mais um nível superior de produção sustentável”. E a área da sustentabilidade é multidisciplinar: “Estamos a falar de logística, água, energia. Tudo tem de se desenvolver de forma harmoniosa”. E para isso o contributo engenharia é decisivo.

 

VISITAS TÉCNICAS

Durante a manha a comitiva da OERN visitou a Estamparia Adalberto, a TMG Automotiva  – Têxtil Manuel Gonçalves e também o CITEVE.

Durantes esta visita foi possível verificar o uso da inteligência artificial no processo de produção, a organização, o investimento no futuro e o reiterar a falta de engenheiros têxteis no sector

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