Para que não haja dúvidas na pergunta, a resposta é: sim. O sabão é a melhor opção para higienizar as mãos, e vamos mostrar-lhe porquê.
Nunca como nestes tempos, lavar a mãos foi tão essencial à nossa saúde. Um gesto tão simples, é capaz de nos proteger do vírus.
Há Engenharia Química que cria e desenvolve produtos que usamos para lavar as mãos, assim como há Engenharia do Ambiente que permite termos água segura nas nossas casas para as podermos lavar, e, claro, há Engenharia Mecânica na torneias que por estes abrimos e fechamos com muito mais frequência.
Sabemos que lavar as mãos correctamente é obrigatório por estes dias, mas nem sempre a escolha dos produtos para higienizar as mãos tem sido simples e clara. Com sabão, com desinfectante, com antiséptico, com gel? A questão que se coloca muitas vezes é qual será a melhor opção para o fazer.Vamos explorar os conceitos, diferenças, vantagens e desvantagens de cada um deles.
Desinfetantes e antissépticos
Apesar de muitas pessoas pensarem que os antissépticos e os desinfetantes são sinónimos, na verdade não são.
O antisséptico é um produto que age exclusivamente nos tecidos vivos, o desinfetante está projetado para agir sobre as bactérias que se encontram localizados em certos objetos tais como utensílios cirúrgicos ou de limpeza, assim como em certas superfícies como chão, quarto, banheiro, cozinha, etc.
Além disso, enquanto os produtos desinfetantes podem ser nocivos ao ser humano (p.e. lixivia), a inocuidade é condição indispensável do antisséptico, pois não representa nenhum perigo ao carecer de efeitos corrosivos ou tóxicos.
Gel antibacteriano é suficiente?
O álcool em gel funciona na dizimação de vários microrganismos como a Covid-19. No entanto, outras famílias de microrganismos são mais resistentes a estes produtos.
Lavar as mãos com cuidado é sempre preferível aos desinfetantes à base de álcool para qualquer vírus. A ação física da fricção, a ação surfactante do sabão e a água corrente ajudam a remover o vírus das mãos.
E o sabão?
O sabão, interiormente, tem moléculas com 2 lados. Um dos lados é atraído pela água e outro pela gordura. Então, quando as moléculas de sabão entram em contacto com a água e com a gordura, este tipo de atração dupla arranca a gordura, rodeando as partículas de óleo e dispersando-as pela água. Aditivamente, a gordura do vírus é arrancada pelo sabão, fazendo com que este destrua o vírus.
Sabão e desinfetante
Água e o sabão permitem uma limpeza total em todas as fendas e dobras da pele, desde matéria orgânica às bactérias.
Já o desinfetante peca pela eficácia reduzida quando as mãos estão visivelmente sujas/oleosas. Também não elimina todos os tipos de germes e produtos químicos nocivos. Para além de que não eliminam a sujidade, secam a pele e podem torná-la sensível e irritada.
Como escolher o sabão/sabonete adequado?
Este tem de deter uma acidez próxima da pele, com um pH entre 5 e 6. Ainda é importante ver, pormenorizadamente, o rótulo, a fim de perceber se o produto inclui ingredientes irritantes e alergénicos.
Deste modo, desmitificamos os tipos de sabonete existentes no mercado:
1. Sabonetes Antibacterianos: Como na sua composição possuem triclosan- substância utilizada, maioritariamente, em pastas dentífricas para prevenir doenças orais- são tão eficazes na eliminação de germes como os sabonetes normais. Contudo, estudos indicam que este tipo de produtos, usados por um longo período, podem aumentar a resistência a antibióticos e, ainda, funcionar como desreguladores endócrinos.
2. Sabonetes Líquidos: São eficazes a remover maus odores. Não secam tanto a pele, uma vez que usam substâncias hidratantes como aloé vera, ácido láctico, óleo de amêndoa e proteínas do leite. Também são considerados mais práticos e higiénicos.
3. Sabonetes Sólidos: Não implicam risco de transmissão de microrganismos, mesmo estando em locais públicos. De um modo geral, não existe diferença entre o sabonete líquido e sólido.
No que respeita as soluções à base de álcool, defende-se o uso do mesmo quando não existe, de facto outra alternativa, dado que não eliminam a sujidade, secam a pele e podem, até, torná-la sensível e irritada. Ainda, como não são eficazes no que respeita à limpeza, desativam, apenas, os microrganismos por um curto espaço de tempo. Porém, se quiser utilizar esta solução alcoólica, utilize produtos com teor de álcool superior a 80%, recomendado pela OMS.
Assim, de um modo geral o ideal é lavar as mãos, até porque investigadores analisam o impacto desta prática, que fez reduzir o número de infeções respiratórias em cerca de 15% a 20%.
A Engenharia Química permitiu o desenvolvimento deste produto tão importante, o sabão/sabonete, e ainda, a possibilidade de fazer o seu próprio sabonete/ sabão em casa, através de duas fórmulas:
1. Quente – Primeiramente, derreter uma base, previamente comprada, de barra de glicerina vegetal pura, num tacho antiaderente. Se sentir necessidade, juntar óleo ou azeite. Após a barra estar derretida, juntar essências e ervas à escolha e, de seguida, colocar em formas. Por fim, deixar arrefecer durante 2 a 3 horas e está pronto a usar. Note-se que o processo pode ser acelerado se os moldes forem colocados no congelador.
2. Frio – O processo mais tradicional, mas, também, o mais demorado.
Neste processo é necessário um copo de plástico resistente para a soda, um salazar de silicone, uma balança, uma bacia de vidro, uma varinha mágica, moldes de silicone ou embalagens plásticas e um termómetro de cozinha.
Numa primeira fase, a soda cáustica deve ser, previamente, dissolvida em água, café, leite, leite de coco ou um legume desfeito com varinha. A soda é sempre deitada sobre o líquido e não ao contrário. Para este processo, o ideal é proteger as mãos com luvas de borracha e realizar este procedimento ao ar livre dado que a soda produz muito calor e liberta fumos desagradáveis. Posteriormente, derreter óleos líquidos (óleo de amêndoas doces, de amendoim, de girassol) com óleos sólidos (óleo de coco, palma e manteigas de karité, cacau), para que estes se misturem. De seguida, misturar a soda e os óleos aquecidos, estes que devem estar, aproximadamente, à mesma temperatura (37/38ºC). Após esta verificação de temperatura, mexer com a varinha mágica, sem ela estar ligada. Depois, ligá-la e mexer até atingir alguma consistência e espessura. Neste momento, devem-se acrescentar as essências, especiarias, grãos de café, o que pretender. Finalmente, encher os moldes e envolver com cobertores ou mantas durante 24 horas, permitindo a saponificação (processo químico que implica a reação de um ácido, neste caso os óleos, com uma base, a soda). Ao fim de 24 horas, destapar e tentar tirar os moldes, sendo que só é possível cortá-lo passadas 48 horas. Por último, deixar curar 4 a 5 semanas, num local fresco e onde não incida a luz solar.