Artigo de opinião de Maria João Teles Brochado Correia, coordenadora do Colégio de Engenharia do Ambiente da OERN
A Engenharia do Ambiente é uma profissão de futuro no pós covid-19 e poderemos estar na linha da frente da transição para uma economia mais sustentável, o que nos traz também muita responsabilidade.
A covid-19 veio efetivamente mudar as nossas vidas, e tem causado um impacte social e económico devastador, com alterações sem precedentes que desafiarão muitos sectores e, há quem acredite, a própria transição energética.
A nível ambiental, aparentemente, as notícias parecem animadoras, no entanto sabemos que globalmente a diminuição da poluição atmosférica baixou drasticamente por motivos de diminuição de tráfego aéreo, rodoviário, e por abaixamento dos níveis de produção industrial. Mas isto não significa que resolvemos as questões do aquecimento global e no pós covid-19 a aceleração da economia, que já iniciou, levantará novamente os níveis de poluição.
“O pacto ecológico europeu, iniciativa da Comissão Europeia
para que a Europa seja neutra em carbono em 2050, terá um
papel central e prioritário na recuperação económica”
Mas uma política ambiental é também uma política de saúde pública pelo que a transformação da economia será, pelo menos a nível europeu, ligada à transformação verde e digital. O pacto ecológico europeu, iniciativa da Comissão Europeia para que a Europa seja neutra em carbono em 2050, terá um papel central e prioritário na recuperação económica, o que levanta muito desafios ligados à Engenharia do Ambiente, mas também muitas oportunidades.
“Os transportes, a aviação, o setor marítimo, a qualidade do ar,
a economia circular, a própria agricultura, são exemplos de
setores a ser reinventados”
Desde os transportes, à aviação, ao setor marítimo, à qualidade do ar, à economia circular, à própria agricultura, são exemplos de setores a ser reinventados com a complexidade destes modelos de negócios e processos que isto representa, para uma efetiva mitigação do impacte ambiental. Como os negócios terão de se transformar, nós também temos de nos adaptar para estarmos na vanguarda mundial – necessitaremos de profissionais bem qualificados, com conhecimento, capacidade e vontade para melhorar a sustentabilidade e a qualidade de vida das populações.
A intervenção do Engenheiro do Ambiente será mais completa e estratégica, e não focada apenas no pilar ambiental, para um impacte relevante nos vários domínios das nossas organizações e sociedade. É fundamental interligarmos os vários pilares da sustentabilidade (ambiental, social e económico) na estratégica das nossas organizações para alavancarmos o desempenho e a mudança de paradigma que se avizinha. A própria gestão dos vários stakeholders para a implementação de soluções viáveis é também um desafio que necessitamos de agarrar, para esta causa comum de transformação sustentável da economia.
A intervenção do Engenheiro do Ambiente será mais completa e estratégica,
e não focada apenas no pilar ambiental”
A atualização de conhecimentos e aquisição de novas competências a nível de sustentabilidade e também de soft skills é fundamental neste mercado que se tornou tão apetecível para profissionais dos mais variados setores, que vêm no ambiente agora uma oportunidade de emprego e crescimento profissional.
Mas acima de tudo, escolhemos esta profissão porque gostamos e temos desde já esta grande vantagem para além dos nossos conhecimentos técnicos específicos. Temos paixão pelo que fazemos!
Vamos continuar a desenvolver as nossas competências nos vários pilares da sustentabilidade, além de procurarmos evoluir na nossa capacidade de inovação, comunicação, liderança, relacionamento, empatia, e carácter. E acima de tudo ter esperança no futuro brilhante que se avizinha – e que tanto nos capacita para fazermos a mudança.
Porque há engenharia em tudo o que há, há também engenharia na gestão das nossas carreiras, nesta profissão que é vital para o futuro de todos!