O Conselho Europeu de Investigação atribuiu esta bolsa ao professor da FEUP para desenvolver uma nova geração de materiais que reduzirão o peso dos aviões comerciais e, assim, diminuir a pegada carbónica da aviação
Pedro Camanho é o único investigador em Portugal a receber a bolsa, segundo a lista divulgada pelo ERC, que inclui 255 investigadores na Europa que irão receber ‘Advanced Grants’ 2023, bolsas para investigadores seniores, com um historial comprovado de realizações significativas, segundo informação da instituição, num total de quase 652 milhões de euros.
Fora de Portugal existiram mais dois investigadores portugueses que receberam hoje estas ‘Advanced Grants’, segundo a FCT: Nuno Maulide, da Universidade de Viena e Paula Mendes, da Universidade de Birmingham.
Durante cinco anos, o investigador vai dedicar-se ao estudo de uma nova geração de materiais compósitos não convencionais para reduzir o peso e melhorar a eficiência dos aviões e lançadores, diminuindo a sua pegada ambiental.
“Este projeto está relacionado com a necessidade de descarbonizar a indústria aeronáutica porque prevê-se que, com o aumento do número de voos nos próximos anos em 2050, as emissões de dióxido de carbono atinjam um valor de cerca de 2.000 milhões de toneladas, o que não é sustentável”, disse Pedro Camanho em declarações hoje à Lusa, depois da divulgação da atribuição da bolsa. Portanto, acrescentou, “o objetivo que foi definido pelas empresas do setor aeroespacial e pelos governos foi descarbonizar, precisamente em 2050, a indústria aeronáutica”.
O investigador ressalvou que, para isso, é preciso desenvolver uma nova geração de materiais mais leves usados nas estruturas aeroespaciais. Com o desenvolvimento destes novos materiais será ainda possível desenhar as estruturas dos aviões de forma diferente, nomeadamente criar asas muito maiores ou potenciar a sua eletrificação, exemplificou. “O objetivo, até diria principal, é diminuir o peso dos aviões e dos lançadores porque depois o conhecimento pode ser transferido para outras áreas relevantes, nomeadamente para a indústria automóvel e para a ferrovia”, sublinhou.
Outro dos propósitos passa por conseguir desenvolver o material “muito mais rapidamente” do que aquilo que a indústria faz hoje, e, para isso, o seu desenvolvimento vai estar suportado numa plataforma computacional em que vai ser feita a modelação desde a micro escala até ao nível estrutural, ressalvou. A vantagem é que vai ser possível representar e desenvolver os materiais e as estruturas num computador antes de avançar para a sua fabricação, destacou. “Portanto, fazemos aquilo a que eu chamo de desenvolvimento e certificação virtual”, salientou.
Em termos globais, Pedro Camanho entendeu que a utilização destes materiais é uma solução mais económica porque vai permitir uma diminuição do combustível e dos custos de desenvolvimento das estruturas.
Fontes: INEGI / Lusa