[Artigo Técnico] Plano diretor de iluminação pública

Por Norberto Ribeiro, Especialista em Luminotecnia

Racionalização dos consumos IP e Eficiência Energética

 
Enquadramento
Um Plano Director de Iluminação Pública é um instrumento moderno e eficaz, do ponto de vista de um desenvolvimento orgânico e sustentado da infra-estrutura de iluminação pública.
A Iluminação Pública constitui uma infra-estrutura primária das cidades, mas sucede com frequência, desenvolver-se de uma forma desordenada e heterogénea, respondendo a meras solicitações pontuais ou condicionada por disponibilidades económicas de ocasião. Sem uma coerência e uma estratégia de projecto delineada tendo em conta a globalidade do território urbanizado, na sua diversidade e articulação.
Um Plano de iluminação visa também resolver esta criticidade, contribuindo para a melhor racionalização dos custos de investimento e de manutenção e, decisivamente, para a minimização do consumo energético.
O PDIP deve finalmente enquadrar uma utilização da luz como instrumento de orientação e de mobilidade, individualizando percursos urbanos e ambiências específicas, nomeadamente através da hierarquização dos níveis de iluminação e uso de temperaturas de cor diferenciadas.
 
Uma Iluminação para as pessoas
A iluminação artificial é um elemento essencial da paisagem da Cidade. A sua presença é determinante para a qualidade de vida no espaço público, mas condiciona igualmente a percepção diurna do ambiente urbano, designadamente através da presença física e design do mobiliário de iluminação seleccionado.
Para a elaboração de um Plano Director de Iluminação é pois indispensável, em articulação com a Administração do Município, promover uma análise detalhada do contexto formal e histórico do território, articulando-a com as propostas urbanísticas que regulam o desenvolvimento e recuperação do edificado e os Planos da Mobilidade Urbana.
O bom resultado do projecto de iluminação, independentemente da ambiência tratada, não podendo prescindir da adequada valorização dos factores psicológicos, comportamentais e culturais, presentes em cada caso.
 
Principais “outputs” do projeto
Os objectivos do PDIP são, a um tempo, de ordem:
Urbanística: na perspectiva de uma melhor acessibilidade e lisibilidade do espaço público, sentimento de segurança, coerência do espaço e estruturação geral do território;
Cenográfica: na perspectiva da maior valorização do património, definição de uma estética urbana e promoção da identidade territorial;
Económica: do ponto de vista da melhor gestão dos custos de investimento e de manutenção da infra-estrutura IP, economia de energia e reconversão do parque de luminárias instalado.
Ambiental: impondo regras para a redução da poluição luminosa e promovendo a sustentabilidade ambiental, redução das emissões de CO2 e custos de reciclagem de componentes.
 
Os principais “OUTPUTS” esperados, sendo:
Caracterização e diagnóstico da infra-estrutura IP existente, como ponto de partida e elemento indispensável de uma planificação sustentada da necessária reconversão da tecnologia.
Tipologia e quantidade dos diferentes modelos de luminárias instaladas
Alturas de montagem do equipamento
Potência eléctrica e luminosa das fontes
Níveis médios de iluminação garantidos
Análise de obsolescência e criticidade dos aparelhos de iluminação
Tipificação de áreas homogéneas de intervenção e zonas de conflito.
Identificação dos eixos principais
Hierarquia viária e Classes de Iluminação
Áreas verdes, jardins e parques públicos
Emergência de pontos singulares históricos, culturais e artísticos
Projecto integrado e coerente de intervenção sobre a infra-estrutura IP do território, visando a reconversão faseada da tecnologia actual e uma ILUMINAÇÃO PÚBLICA EFICIENTE, sem prejuízo de preocupação por uma estética de Cidade e desenho da sua “hospitalidade”.
Máximo conforto visual
Redução e controlo da poluição luminosa e luz intrusiva
Mapeamento de Temperaturas de cor
Critérios de projecto e de escolha de suportes e aparelhos de iluminação
Níveis exigíveis de luminância e de iluminância
Rácios de eficiência energética
Critérios e recomendações técnicas no âmbito da Iluminação Arquitectural
 
Redução sustentada da factura energética, resultante da mudança para tecnologia de iluminação mais eficiente e atenção a novas normativas de projecto.
 
Plano de Gestão Inteligente da rede, numa dupla perspectiva de redução da iluminação a partir de determinada hora do período nocturno e componente de sazonalidade de alguns locais, viabilizando uma redução complementar da factura energética, sem prejuízo da garantia de segurança.
 
Contributo para uma maior valorização e coesão territorial, na perspectiva de uma interpretação do espaço no seu todo, visando um projecto global e coerente. Rompendo-se com o paradigma de uma iluminação uniformizada, sem a indispensável criação de áreas de contraste, o desenho de um PDIP procura encontrar linhas de coerência na diversidade das soluções técnicas, contribuindo para valorizar a identidade própria de cada monumento e de cada sítio.
 
Defesa do ambiente, associada à promoção de Energia Sustentável, controlo efectivo da Poluição Luminosa e proposta de adopção de práticas de Projecto de Iluminação Pública Eficiente.
 
 

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